Sadhguru: Este é um fenômeno que nós temos que observar historicamente, ou dentro das famílias, ou com indivíduos — seres humanos ficam cansados do bem-estar; eles querem causar confusão! Veja, a América gastou bilhões de dólares para construir rodovias, mas agora todo mundo compra veículos off-road, porque as pessoas gostam de causar confusão. Elas querem um pouco de caos. O excesso de ordem cria um certo nível de irritação no ser humano. 

..hoje, mesmo que você vá ao vilarejo mais remoto na Índia, às escolas públicas onde nós trabalhamos, não há uma única criança afetada pela pólio. É fantástico ver isso.

Portanto, essa campanha antivacinação está ganhando força, particularmente na Califórnia. Muitos pais me perguntam sobre isso e eu falo para eles: "Não seja um tolo". Porque imagine se você encontrar seu filho aleijado com poliomielite ou qualquer outra coisa.

Lembro-me muito bem disso — quando eu estava no ensino médio, havia quatro alunos afetados pela pólio — três meninos, uma menina — que iam à escola em cadeira de rodas. Mas naqueles dias, havia muitos lugares onde a cadeira de rodas não podia passar, então eles simplesmente se arrastavam e davam a volta. Era muito terrível vê-los daquele jeito. Mas hoje, mesmo que você vá ao vilarejo mais remoto na Índia, às escolas públicas onde nós trabalhamos, não há uma única criança afetada pela pólio. É fantástico ver isso. 

O Movimento Antivacina

Nós não percebemos o valor dessas vacinações. Infelizmente, nós ficamos cansados do bem-estar e queremos atrair algum problema. Tendo dito isso, eu estava conversando com alguns pais na Califórnia e eles disseram que estavam sendo submetidos a cerca de 40 tipos diferentes de vacinas. Talvez, nos Estados Unidos, eles estejam exagerando um pouco. Com exceção do tratamento das coisas básicas que poderiam aleijar ou causar a morte em crianças, eu acho que o sistema de saúde está tentando dar uma vacina para quase tudo.

Eu não sou nenhum tipo de especialista médico para fazer um comentário sobre isso, mas ao ouvir os pais, foi isso o que eu recolhi. Achei que algumas das coisas para as quais eles estavam dando vacinas eram simplesmente absurdas. Se uma criança pega uma gripe ou algo parecido, está tudo bem passar por algumas dessas doenças enquanto você está crescendo. Mas, agora, eles estão dando vacinas para muitas coisas que podem não ser necessárias, o que deixa os pais, hoje em dia, apreensivos que as vacinas estejam causando deficiência de aprendizado ou algum outro problema. Eles podem não estar relacionados, mas esse é o medo que está se espalhando.

Uma Solução Pragmática

As vacinas trouxeram um poder e um bem-estar para nossas vidas — a maioria de nós está sentada aqui porque foi vacinada. Caso contrário, definitivamente, não estaríamos aqui. 

Seria bom se uma informação científica confiável se tornasse pública, esclarecendo o que é obrigatório e o que é uma escolha.

O problema é simplesmente esse — sobretudo agora por causa da rede social — nós vamos para um extremo ou para o outro. Se os tipos de vacinas e o espectro que estão dando, por exemplo, nos Estados Unidos, for demais, eu acho que a Organização Mundial da Saúde deveria dizer-lhe que "essa quantidade não é necessária — estas vacinas são obrigatórias, e as outras são opcionais". Se isso for feito dessa maneira, acredito que haveria uma proporção mais equilibrada.

Caso contrário, alguns pais simplesmente não vacinarão seus filhos. Eu lhes disse: "Vocês devem estar loucos. Vocês vão perder seus filhos". A qualquer momento isso pode acontecer — a criança vai à escola e isso pode ser o seu fim. Mas, por medo de que a vacina possa danificar os cérebros de seus filhos, eles estão tomando esse tipo de decisão.

Acho que uma declaração clara de uma organização como a OMS ajudaria os pais a fazer uma escolha melhor. Seria bom se uma informação científica confiável se tornasse pública, esclarecendo o que é obrigatório e o que é uma escolha.

Nota do editor: Esta discussão ocorreu na Assembleia Geral das Nações Unidas em Genebra, em 27 de junho de 2019 e foi sediada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A conversa completa está disponível aqui.